Palestra sobre a Consciência Negra no CEACA
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Nesta sexta-feira (24), o Município de Guaíra, via SEMAS — Secretaria Municipal de Assistência Social, recebeu no CEACA — Centro de Apoio à Criança e ao Adolescente, uma palestra sobre o Dia da Consciência Negra.
Com a presença de Adir Rodrigues da Silva e sua esposa, Solange da Aparecida Fortunato da Silva, da comunidade quilombola, apresentaram às crianças e adolescentes um novo olhar sobre a realidade de pessoas negras e suas raízes.
Adir explicou que o mês da consciência negra, na verdade, é uma pauta para todos os dias, pois simboliza a escravidão, sofrida pelos descendentes do continente africano. Muitos vieram ao Brasil, e boa parte não pôde pisar os pés no país pois morreram durante o percurso.
Os que sobreviveram, foram escravizados, presos por correntes, com seu sangue derramado pelos senhores do engenho nas senzalas.
Hoje, os descentes dos escravos africanos lutam na resistência da opressão, do racismo e preconceito que seus antepassados viveram e que hoje, ainda presenciam na pele a discriminação.
Adir também acrescentou que, após a Lei Áurea, criada pela Princesa Isabel, mesmo com o fim da escravidão, os africanos foram deixados sem perspectiva de vida, sem auxílio, sem oportunidades, sem um rumo para poder viver. “A escravidão pode ter acabado, mas a discriminação que a sociedade tinha continuou nos corações das pessoas, e mesmo não estivessem mais presos em correntes, as pessoas negras ainda estavam e estão presas pelas correntes do preconceito. Eu não abaixo a cabeça, eu luto”, disse Adir, em seu discurso, e ressaltou que é muito importante o trabalho dos professores na sala de aula, sobre a cultura africana, os descentes e toda a história de seus antepassados, que morreram na senzala, pela construção do país.
Contou que quando criança, na escola, os professores discriminavam os alunos negros, por sua cultura, religião e sua cor, o que implicava na escassez da educação.
“Ninguém nasce racista” É outra fala de Adir, que ressaltou a importância de ensinar as crianças, desde pequenas, que se deve respeitar as pessoas e que a cor da pele não deveria ser motivo de separação ou falta de respeito, mas sim, de abraçar as diferenças e apreciá-las em suas características. Por dentro, todas as pessoas são iguais.
Adir finalizou sua fala ao dizer “Não tenho vergonha de dizer que sou da comunidade quilombola”, que hoje, são 86 comunidades no Paraná e 6.000 em todo o Brasil.