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Município de Guaíra lança apelo urgente por novas famílias acolhedoras e reforça a importância do amor que transforma vidas

O Município de Guaíra, por intermédio da Secretaria de Assistência Social, alerta a população para uma realidade silenciosa que exige sensibilidade, empatia e coragem. O Programa Família Acolhedora, lançado em 22 de março de 2022, integra uma política nacional de proteção à infância e revela, com clareza, a necessidade de mais famílias dispostas a oferecer abrigo temporário a crianças e adolescentes afastados de seus lares por determinação judicial. Hoje, apenas quatro famílias estão cadastradas e aptas a acolher. No entanto, dezesseis crianças e adolescentes vivem no lar institucional, quando poderiam estar inseridos em um ambiente familiar, com afeto individualizado, rotina acolhedora e a oportunidade real de construir memórias positivas em uma fase decisiva da vida.

O Município reforça que acolher não significa adotar. Acolher é agir como um guarda-chuva aberto sobre uma criança em meio a uma tempestade — uma tempestade que não foi criada por ela. Crianças afastadas da família de origem enfrentam rupturas dolorosas. São inocentes em situações que refletem falhas e fragilidades de adultos. Ainda assim, tornam-se as maiores vítimas. A infância precisa de cuidado, direção, bom exemplo e amor, e muitos desses pequenos não recebem nada disso em seu núcleo familiar original. No acolhimento institucional, eles encontram segurança, organização e estrutura adequada, mas o cuidado ocorre de forma compartilhada, sem a personalização que forma o ser humano e constrói pertencimento. Cada criança precisa sentir que faz parte de um lar, de um círculo afetivo que a reconhece pelo nome, pela história e pelas pequenas particularidades que a tornam única.

As famílias acolhedoras de Guaíra relatam experiências transformadoras, capazes não apenas de oferecer cuidado, mas de provocar profundas reflexões sobre o que realmente importa. Um dos casais participantes descreve que as duas crianças que acolheu ensinaram mais do que receberam. Uma delas, destemida, inspirou o próprio filho da família acolhedora, que antes evitava certas tarefas por medo. A criança acolhida assumiu a atitude, se dispôs a ajudar e, sem perceber, fortaleceu quem estava ao seu redor. Em outro momento, ao perceber que a mãe da casa não se sentia bem, respondeu ao próprio filho da família acolhedora com espontaneidade e simplicidade: “Deixa a mãe descansar, eu preparo a janta.” Quando questionada sobre o que faria, respondeu com naturalidade: “Pão com mortadela, tem na geladeira, isso mata a fome.” Pequenos gestos que revelam maturidade precoce, mas também uma inocência tocante, própria de quem aprendeu a sobreviver com pouco e ainda assim oferece muito.

Outro relato comove pela força simbólica do pertencimento. Ao pedir para ser buscada no portão da escola, a criança acolhida surpreendeu a família. Sentou no banco de entrada e, ao avistar quem foi buscá-la, correu até a responsável, segurou sua mão e a apresentou aos colegas: “Essa é a minha mãe. Eu também tenho uma mãe que vem me buscar.” A frase simples traduz o impacto emocional que o acolhimento provoca. Essas vivências deixam marcas profundas em todos os envolvidos e evidenciam o quanto o amor oferecido em um momento de vida pode ressignificar trajetórias.

O temor mais recorrente entre famílias interessadas costuma ser o momento da despedida. Contudo, todas as famílias acolhedoras de Guaíra afirmam que o retorno à família de origem ou o encaminhamento para outro destino ocorre de forma leve, amparada por forças que transcendem a compreensão racional. No fundo, a criança sabe que aquele período representa um capítulo especial — cheio de aprendizados, cuidado e afeto. Um capítulo que prepara para os passos seguintes. Nada se perde. Tudo permanece como marca positiva.

O Município esclarece que o serviço integra o Sistema Único de Assistência Social e segue orientações técnicas específicas. As famílias passam por capacitação, recebem apoio constante da equipe especializada e atuam com guarda provisória durante o período do acolhimento. O objetivo sempre é a reintegração familiar segura ou o encaminhamento para adoção quando necessário. Cada caso passa por reavaliação a cada três meses, e o acolhimento deve permanecer dentro do limite legal previsto, salvo situações excepcionais definidas judicialmente. As famílias cadastradas recebem auxílio financeiro para custear as necessidades da criança, sem qualquer caráter remuneratório.

A Secretaria de Assistência Social de Guaíra faz um apelo público, firme e carregado de sensibilidade: a cidade precisa ampliar o número de famílias acolhedoras. O Município pede que cada núcleo familiar reflita sobre a possibilidade de transformar uma vida que clama por afeto, segurança e oportunidade. Inscrever-se no programa não obriga ninguém a acolher imediatamente. A capacitação permite que a família compreenda a responsabilidade e avalie se está pronta. Dar o nome, participar da formação e conhecer o serviço não custa nada. Pode custar tudo para uma criança que espera, em silêncio, por um lar.

O Município reforça que ninguém gostaria de crescer sem amor, sem atenção e sem uma referência familiar. A família acolhedora representa o gesto mais humano e essencial que alguém pode oferecer: abrir espaço no coração e no cotidiano para garantir que uma criança viva aquilo que toda infância merece. Guaíra precisa de novas famílias dispostas a esse ato de generosidade que transforma realidades. Vidas inocentes aguardam o amor que muitas famílias têm guardado, pronto para ser doado.

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Município de Guaíra
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Data de publicação: 11:59 quinta-feira, 04/12/2025
Por: DICSI: Texto e Revisão: Cintia Marques / Arte: Assessoria


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