Por Cristian E. Aguazo



Faleceu no dia 28 de março, em São Paulo, o pecuarista e empresário Luis Mendes Prates, diretor presidente da Companhia Matte Larangeira, da Fazenda Santa Virgínia, neto de Francisco Mendes Gonçalves, o criador da empresa no final do século 19.

O velório e o sepultamento ocorreram em São Paulo, capital.

Luis Mendes Prates doou em 2007 uma área para o Município de Guaíra, destinado ao projeto da Plataforma Logística. A empresa possui em Guaíra uma fazenda, nas proximidades do aeroporto municipal.

A lendária Companhia Matte Larangeira, criada no final do século 19, e que já foi considerada a maior companhia ervateira do mundo, tem papel fundamental na formação de Guaíra. Ela foi a colonizadora de diversos municípios nos estados de Mato Grosso do Sul e Paraná, e sua influência atinge também Paraguai e Argentina.

A história da companhia começa logo após o fim da Guerra do Paraguai, quando Thomaz Larangeira consegue a concessão com o Império Brasileiro para explorar os imensos ervatais do Mato Grosso.

O empreendimento obtém grande êxito ao associar-se à família Mendes Gonçalves, portugueses da Ilha da Madeira que logo lograram êxitos em seus negócios.

Um deles, Francisco Mendes Gonçalves, estabeleceu-se posteriormente em Buenos Aires.

No final do século XIX, por volta de 1882, a Cia. Matte Larangeira movimentava um grande comércio que consistia na exploração da erva mato-grossense, que era escoada pelo Paraguai até os portos de Buenos Aires, onde a erva era industrializada. Esse produto abastecia a Argentina, maior consumidora de erva-mate da América do Sul, e também países da Europa, como Portugal, Espanha e Inglaterra.

Em 1903, tal procedimento começou a mudar. Adquirindo terras do Paraná, a empresa funda o Porto Mojoli, uma espécie de obrage, mais tarde conhecido como Porto Guaíra.

Assim, a empresa passou a escoar sua produção via rio Paraná, construindo até mesmo uma ferrovia para conseguir suplantar o grande obstáculo para a navegação, que era as Sete Quedas.

Boa parte da infraestrutura herdada por Guaíra vem da engenhosidade da empresa. Até hoje, casas e edifícios da época da Matte são facilmente identificados na Vila Velha. O Museu, Cine Teatro e Biblioteca são exemplos de construções centenárias erguidas pela então colonizadora municipal. ?O atual prédio da Copel era a antiga estação ferroviária?, lembra o prefeito Fabian Vendruscolo.

Com a ascensão de Getúlio Vargas e a consequente encampação de seus bens, a empresa teve que se adaptar aos novos tempos. Suas terras em Guaíra foram loteadas e vendidas, dando início ao processo de estabelecimento do futuro município de Guaíra, reconhecido como tal no dia 14 de novembro de 1951.

?Não tem como falar de Guaíra sem mencionar a Matte Larangeira. Ela faz parte dessa rica história. Tive o privilégio de conhecer o senhor Luis Mendes Prates. Na época, a empresa teve sensibilidade ao doar parte de suas terras para um projeto importante para a cidade. Isso demonstrou também o carinho e o respeito que ele tem como Guaíra, até mesmo como reconhecimento da história entre a empresa e o município?, comentou o prefeito.