Notícia

Gastronomia reforça potencial de Guaíra como destino turístico

Por Cristian E. Aguazo em parceria com o Jornal Ilha Grande


Churrasco tem cara de Brasil. Chipa tem cara de Paraguai. Hambúrguer tem cara de Estados Unidos. Lasanha lembra a Itália e a pizza também. Moqueca capixaba. Shawarma árabe. Sushi, sashimi. E pastel, muito pastel; pastel de vento, pastel de palmito, pastel de frango. Torresminho nordestino. Feijoada.


O que tudo isso tem a ver neste texto sem sentido? Tem a ver com Guaíra! Isso porque esta cidade de fronteira sem fronteiras está se tornando uma cidade gastronômica, apostando em estabelecimentos temáticos, étnicos, mas com olhar cosmopolita. Para e repara: olha como a gente come, olha por onde a gente anda, olha como a gente bebe, olha que maravilha!


Vale a constatação: Os bons restaurantes vivem cheios e temos comidinhas de boteco pra lá de espertas. Há quem diga que tudo isso é espólio do boom do turismo de compras do Paraguai em anos anteriores, mas permitam-me discordar concordando: a tese explica, mas não justifica totalmente. O caso de amor de Guaíra com o prato é antigo. E tem a ver com o turismo, de fato.


O passado turístico de 7 Quedas atraiu mestres cucas de fora e catapultou os nossos. De lá para cá, sempre tivemos bons restaurantes. Quem é mais antigo vai morrer de saudade do restaurante Jangada, mas ainda pode se deliciar com as imbatíveis lasanhas do Moacir.


Só que nunca antes na história de Guaíra, para usar um jargão já fora de moda pero verdadero, tantos bons restaurantes foram abertos num curto espaço de tempo. E nunca eles foram tão bonitos.


O Município de Guaíra passa a apostar agora no tripé de turismo gastronômico, histórico e natural para convencer os turistas que vão a Salto a ficar mais um dia para conhecer a cidade.


O plano tem tudo para dar certo, uma vez que realmente Guaíra possui essa tríade em destaque.


Uma grata surpresa


O roteiro tem sido assim: o sujeito é transferido de uma cidade grande para Guaíra, rota de muitos servidores federais. O forasteiro desconfia: o que fazer num município de pouco mais de 30 mil habitantes? Onde comer?


E aí vem a surpresa: os restaurantes guairenses oferecem comida e ambiente que não ficam devendo nada para os sempre atrativos bares, lanchonetes e restaurantes de cidades de médio e grande porte.


Ouvir esta constatação tem sido uma constante. Mas quem e quantas são as referências gastronômicas guairenses?

Quarteto fantástico

O Hikari, que nasceu despretensioso, talvez tenha sido o primeiro dessa nova geração de estabelecimentos gastronômicos de Guaíra. Seu sucesso serve de inspiração pela decoração, pelo bom gosto e especialmente pelos pratos. O restaurante japonês é praticamente um ponto turístico hoje em dia.


Dessa mesma época, outro sucesso de público e crítica: a Azzurra. Espaçosa, clean, a pizzaria também cresceu e se desenvolveu, tendo um público cativo. O processo artesanal e a fina apresentação dos pratos ainda hoje impressionam.


Quem também teve um crescimento vertiginoso foi a Esfiharia da Vovó. O empreendimento tem uma característica incomum: pratica preços muito abaixo da média (sem prejuízo da qualidade). O resultado? Mesas sempre lotadas.


E o que dizer da estética do novo O Capixaba? O mais belo restaurante guairense tem um cardápio requintado, vinhos refinados e até doces caseiros especiais.


O charme da simpatia

Mais recentemente, veio somar forças o Cartório Bar. Simples, direto, bem-humorado, ele parece aqueles bares curitibanos cheios de charme. Mas não é só isso. O Cartório tem um cardápio quente: vai do torresmo ao risoto de camarão (ou de bacalhau), passando pela costelinha ao molho barbecue, que por sua vez combina com o chope vendido sempre gelado.


Cool

Quando o mercado parecia estupefato com as novidades, veio mais uma: O Dega?s Hamburgueria e Petiscaria abriu no finalzinho do ano passado e, pelo jeito, veio para ficar.


Se o Hikari faz referência ao Japão e o Cartório evoca uma brasilidade, O Degas nos leva direto para os Estados Unidos. Fora de série, os lanches são saborosos, diferenciados (pão australiano, hambúrguer de costela ou picanha, bacon caramelizado, etc.). Isto é, se por um lado existe a valorização de povos tradicionais por intermédio da culinária, O Degas dá o tom cosmopolita que faltava.


Novidades

A última das novidades aposta no tradicional sem se deixar de olhos fechados para o novo: O Shawarma in Box tem no bom e velho shawarma árabe o carro-chefe, mas as opções estão abertas ao paladar brasileiro. Por isso, há opções com bacon e temperos agregados. E há novidades também: a sobremesa "Açaí na Tigela" é exclusividade. O capricho, o preço e o sabor colocarão o Shawarma in Box em breve no rol dos empreendimentos solidificados.


E se até agora o foco eram os pratos, outros olhares nos levam ao copo. Guaíra conta hoje com duas microcervejarias. A proposta caseira de um grupo de servidores do Ministério Público Federal gerou a Galo Véio, apenas para consumo próprio. Só que agora apareceu a Malte Laranjeira, que pela repercussão pode até arriscar encomendas num futuro próximo. A Malte Laranjeira é gerenciada por uma juventude descolada da cidade.


Por fim, para o pessoal da alimentação saudável, a referência é o restaurante Alecrim, especializado na área.

Made in Guaíra

Criada no Egito e aperfeiçoada na Itália, a pizza virou paixão nacional no Brasil. O prato tradicional ganhou novos sabores e apresentações.

Recentemente, a tradição de fatias ganhou uma releitura. Estamos falando da Pizza de Cone, que apesar de não ser um prato pois você pode ir andando e comendo ao mesmo tempo, substitui uma fatia de pizza bem recheada. O formato é de um grande sorvete mas o interior possui mais cheios e um toque final de muçarela.

Em Guaíra, a pizza de cone é encontrada num trailer tipo food truck, o que a torna ainda mais interessante.



Zona Rural

Muita gente não sabe, mas a zona rural de Guaíra também resolveu apostar no turismo gastronômico. O Eco Parque Juriti (Pesqueiro do Tio Mário) oferece porções agradabilíssimas num ambiente rural com direito a piscina. O espaço fica no Distrito de Doutor Oliveira Castro.


Cult

E o que dizer daqueles que há anos fazem o paladar guairense mais apurado? Todo o respeito do mundo. E são muitos os estabelecimentos, não dá para citar todos (portanto pedimos desculpas pelas omissões).


O Papalégua dispensa apresentação. O Pinguim, idem. Bar do Pedro e Empório da Cerveja continuam com público fiel (e nunca fidelidade foi tão importante quanto nestes tempos em que vivemos).


O Point do Espeto a cada dia recheia o seu já vasto e respeitado repertório.


Churrascaria Veneza, O Canecão, Gullas, restaurante Pé de Manga e O Papagaio merecem cinco pontos de exclamação. Assim como o tempero especial da comida árabe de Pedro Venancio da Silva, a cozinha do O Chopão, o requinte do Deville, o único local onde se pode comer o Pintado na Telha, prato típico da cidade. Referência também se tornou o restaurante Santo Antônio, ponto de parada de muitos turistas.  


E há, ainda, os segredos que toda cidade tem quando o assunto é quitute. Tudo fechou, está com muita fome e pressa? Scooby-Doo, o gatilho mais rápido do velho oeste.


Quer comer um pastel diferente? Lanchonete do Frederico, no São José. Ou fique com a tradição do Pastel e Cia, o bom e velho pastel da avenida Mate Laranjeira.


E que tal provar uma boa chipa, esta delícia que tem a cara da Guaíra velha? O La Chipa oferece novidades nesta receita tradicionalíssima.


Quem prefere algo mais old school, a dica é a chipa (e o chá) da Dona Lucila, na Vila Velha. Lá, é possível inclusive aproveitar para agradecer por tanta comida boa. A venda fica ao lado da Capela de Nossa Senhora de Caacupê, padroeira do Paraguai.


Segredos e curiosidades de uma cidade onde se come bem.

Galeria

Município de Guaíra
Visualizada 6230 vezes
Data de publicação: 10/03/2017


Últimas Notícias